sábado, 26 de março de 2011

NASCIDO PARA COMPLICAR

Nascido para complicar

Marco Aurélio Nogueira - O Estado de S.Paulo
O Partido Social Democrático (PSD) anunciado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, no último dia 21 de março nasceu com uma mácula difícil de ser apagada: ninguém o levou a sério ou o tratou com algum respeito.
Veio à luz sob o signo da dúvida e da especulação. Afinal, o que pretendem seus criadores? Liberar o prefeito paulistano das asas protetoras do ex-governador José Serra, verdadeiro promotor da sua entrada no grande circuito da política nacional? Pavimentar o caminho para uma aproximação com a base governista no Congresso Nacional? Criar uma "terceira força" para combater a polarização PT-PSDB, que domina a cena eleitoral? Ou tudo se limita a fazer poeira para cegar os transeuntes e colher alguns frutos mais à frente?
As interrogações poderiam estender-se ao infinito. Se o plano for, por exemplo, estragar o pas-de-deux PT-PSDB, seria preciso esclarecer com que trunfos o partido acredita contar. Aqueles que o estão pondo de pé não são propriamente políticos carismáticos, não arrebatam multidões, não detêm particulares atributos de liderança. Podem, no máximo, atrapalhar o jogo, a serviço de causas ainda mal esclarecidas, mas é discutível que consigam articular alguma opção que repercuta para elevar a qualidade do quadro partidário brasileiro. Tudo leva a crer que continuarão a flutuar numa zona pouco relevante, à espera de alguém que deles necessite e os promova.
A criação do PSD não se ajusta a nenhuma consideração criteriosa do sistema político brasileiro. O País voltou a falar em reforma política, e agora de modo mais sensato, menos apocalíptico. Cresceu o consenso de que algo pode ser feito para melhorar o sistema representativo e a maneira como as forças políticas disputam eleições, chegam ao poder e governam. Para o nascente PSD, nada disso merece consideração: ele se lança não para racionalizar o quadro, mas para complicá-lo um pouco mais. Funciona como uma câmara de eco: o que está ruim terá em mim sua mais perfeita tradução.
Não temos déficit de partidos. Eles existem aos montes, deprimidos ou eufóricos, em crise alguns, inexpressivos ou fisiológicos outros, quase todos manchados por algum tipo de imprecisão, vazio doutrinário ou incoerência. O excesso de partidos não é por si só um problema. Pode mesmo ser visto como uma virtude, expressão de um sistema aberto, democrático, competitivo. No Brasil eles são muitos, mas só alguns poucos realmente contam. Com isso a mixórdia de siglas acaba por confundir os eleitores e empurrá-los para a indiferença. Em sua maioria, os partidos representam pouco, não fornecem parâmetros valorativos para a cidadania nem conseguem dizer o que pretendem e como farão para dar vida às suas pretensões. São organizações frágeis, sem magnetismo para manter agregado um punhado de seguidores e parlamentares que, em tese, se associaram por ter convicções parecidas e querer coisas parecidas. Não foram feitos para isso e não há fidelidade partidária que possa corrigi-los.
Se há algo que não se necessita no Brasil é de mais um partido tapa-buracos, sem caráter programático, concebido para acomodar pretensões eleitorais tópicas e estratégias políticas imprecisas.
Pois o PSD nasceu respingando isso por todos os poros. Nele cabe o mundo, exceção feita aos desafetos. Comunistas, ou quase, como o ex-delegado e deputado federal Protógenes Queiróz, socialistas do PSB, tratados como irmãos de estrada, liberais, conservadores, desenvolvimentistas, aliados ou companheiros da presidente Dilma, bem como apoiadores e assessores do governador Geraldo Alckmin. O PSD nasce "independente", mas sua independência é condicionada: está disposto a ajudar o governo federal e a honrar uma "aliança" com o governo de São Paulo, além de permanecer, firme como uma rocha, ao lado do ex-governador José Serra. Para ele, oposição e situação não são coisas para se levar a sério, deve-se mesmo transitar de uma a outra sem arrependimento. Idem quanto ao programa partidário, que deve abarcar o que for mais útil, atraente e oportuno no momento, do direito de propriedade à modernização das leis trabalhistas, passando por outras tantas platitudes.
A flexibilidade do novo partido é radical, tanto quanto sua generosidade retórica: "Viemos para ajudar o Brasil a crescer. O PSD é um partido que nasce do povo, com o povo e para o povo brasileiro". Deseja ocupar um espaço etéreo, acima de diferenças entre esquerda e direita, coisas que nem existiriam mais. Seu interesse é ser "o partido que vai em frente", ciente de que o País é "maior que as siglas partidárias".
O lugar a ser ocupado pelo PSD, portanto, seria uma espécie de terra de ninguém que abrigaria todos os que se sentem predestinados a ter relevo na política nacional. Um desaguadouro dos que querem manter equidistância de posições tidas como polares e antitéticas, uma plataforma de onde atrair trânsfugas e incomodados variados, flertar com os poderosos e jogar o jogo do poder. Se chamarem isso de centro, devemos desconfiar. Não se trata de um centro, mas de um nada.
O ato de criação de um partido político deveria ser saudado como um movimento para emprestar clareza, dignidade e substância à representação política e às disputas eleitorais. O surgimento do PSD não vai nessa direção: é algo feito por políticos para políticos e em nome de conveniências políticas menores. Não diz respeito à sociedade e aos cidadãos. Sendo assim, destina-se a ter vida curta, ou marginal.
O prefeito Kassab não é dono exclusivo da iniciativa. Está acompanhado por políticos que com ele compartilham projetos de poder, interesses e trajetórias. São políticos que já vestiram muitas camisas e se vincularam a siglas, lideranças e projetos diversificados, nem sempre coerentes entre si. Não devem ser condenados por isso, mas não há como converter o trajeto que seguiram e as opções que fizeram em exemplo de conduta.
PROFESSOR TITULAR DE TEORIA POLÍTICA DA UNESP. EMAIL:
M.A.NOGUEIRA@GLOBO.COM 

sexta-feira, 25 de março de 2011

OS TROPEÇOS CONSTROEM - João Bosco Leal

Os tropeços constroem

Na internet, encontrei uma frase atribuída a Voltaire que diz: "Não estou de acordo com o que dizes, mas lutarei até o fim para que tenha o direito de dizê-lo".Durante o período em que estava com minhas movimentações limitadas, resolvi escrever tudo o que penso, sobre diversos assuntos. Foi a idéia que tive para me ajudar na sobrevivência durante aquele longo período, e para deixar para meus descendentes idéias que talvez pudessem ser úteis um dia, ou, se não forem, que ao menos sirvam para mostrar o que pensava seu antepassado.Assim, como já havia anteriormente montado um blog destinado a mostrar aos filhos e netos, com descrições diárias, uma viajem de moto que fiz ao Chile, e outras que pretendia realizar, montei um outro blog, agora para arquivar meus textos, de modo a que, no futuro, pudessem ser por eles consultados se tivessem interesse.Tanto no blog da viagem de moto, como neste, a intenção não era dar grande divulgação ao mesmo, e muito menos utilizá-los como fonte de renda, mas amigos motociclistas mais próximos na época acharam ótima a idéia, passaram a acompanhar a viagem, fazer comentários, dar sugestões de locais, e inclusive alguns também montaram seus próprios blogs para divulgar suas próximas viagens.Como profissionalmente já havia trabalhado com sites anteriormente, pessoas mais próximas, inclusive amigos da imprensa, me solicitaram, e comecei a enviar-lhes cópias desses textos que agora escrevia, e alguns passaram a ser publicados, talvez por simples consideração a um amigo que estava enfermo, imobilizado.Alguns textos foram muito bem recebidos, e outros nem tanto, mas a realidade é que as publicações em blogs, sites e jornais foram aumentando, e alguns textos ultrapassaram inclusive os limites geográficos do país, e foram publicados em países vizinhos, e também "além mar".Claro que isso nos incentiva muito, mas também aumenta muito a responsabilidade de que dizemos, e, apesar de já mantermos uma média de dezenas de publicações de cada texto, outro dia me surpreendi com um redundante fracasso de publicação, pois um determinado texto só foi publicado por dois sites. Li, reli, e não consegui, até o momento entender o motivo, mas procurei, como sempre aprender algo com isso.Primeiro que, retornando às origens do blog, minha intenção nem era publicar nada além do blog, que seria um simples arquivo dos textos, para visitação futura de meus descendentes. As publicações ocorridas foram consequências excelentes, de concordância, aceitação, mas nunca buscadas como objetivo do blog.Declarações como a de Voltaire, só me dão a certeza de que escrever era mesmo o que tinha a fazer, durante meu período de impossibilidade de locomoção, e que, com o que ocorreu em seguida, que devo mesmo continuar, pois nunca seremos capazes de acertar sempre, mas não podemos perder as oportunidades, sejam as de dizer claramente o que pensamos, sejam as de aprender com os tropeços.Com eles aprendemos que devemos olhar mais onde pisamos, pois no caminho podem existir mais pedras e buracos, dos quais podemos nos desviar se vistos com antecedência, e dos quais podemos tirar mais lições, como a de que podem nos derrubar, mas ao mesmo tempo servem de sombra para insetos e répteis.Tropeços são parte inerente da vida, sem os quais, nossos e de outros, não temos como aprender, e usá-los como combustível para a viagem rumo ao sucesso. Mesmo ainda não tendo entendido claramente este último, já o estou usando na construção do caminho que pretendo continuar seguindo, e que certamente me levará ao acerto.João Bosco Leal

quinta-feira, 24 de março de 2011

O PREÇO DOS ALIMENTOS - Kátia Abreu

O preço dos alimentos

Por Kátia Abreu,
Para combater a alta de preços, é preciso produzir mais; para isso, o Código Florestal deve ser revisto
O PREÇO dos alimentos está em alta em todos os mercados há alguns meses. Em consequência, a agricultura começa a entrar na agenda política. Essa súbita atenção deve ser bem apreciada por todos, uma vez que produtores rurais, salvo em épocas de crise, são quase sempre negligenciados pelos governos. A experiência, contudo, recomenda precaução. A crise não é boa conselheira, mas campo propício a medidas improvisadas, que buscam aplausos, mas não produzem soluções. Antes de qualquer coisa, devemos indagar por que os preços estão subindo. Se quisermos respostas precisas, temos de ignorar os suspeitos habituais. É o caso dos mercados futuros de produtos agrícolas. A exemplo dos mordomos de filmes policiais, eles podem até parecer, mas não são os culpados. Por uma razão elementar: com exceção de períodos curtos, as cotações ali não se descolam dos fundamentos que regem a oferta e a demanda dos produtos. Mercados futuros, na verdade, ajudam a dar transparência ao processo de formação dos preços. Outro suspeito são as ocorrências climáticas, em especial secas e inundações. O papel desses fatores é real, mas grãos e carnes são produzidos hoje em tantas latitudes diferentes que essas ocorrências influem de forma bem mais limitada. A elevação do custo da comida afeta a todos e temos de lidar com o problema de forma objetiva. Nesse sentido, o primeiro passo é reconhecer sua causa. Os preços estão subindo em virtude da elevação da demanda nas regiões pobres do mundo, em especial na Ásia, onde centenas de milhões de pessoas estão saindo da miséria e comendo mais, comendo melhor. A solução então é produzir mais grãos, mais carnes e mais frutas. Afinal, seria desumano, para dizer o mínimo, desejar que os pobres comam menos. Controle de preços, formação de estoques e outras modalidades de intervenção de governos na atividade privada não funcionam. E a história mostra que a agricultura e o agricultor só precisam de liberdade para acomodar preços de forma a remunerar o produtor, sem punir o consumidor. Os últimos governos compreenderam a questão e não cederam às tentações intervencionistas. No entanto, leis anteriores à revolução agrícola dos anos 1970 continuam sendo obstáculos à expansão da produção rural. É o caso do Código Florestal, que veio à luz na década de 1960, quando o Brasil tinha agricultura incapaz de abastecer até o pequeno mercado doméstico de então. Se não incomodavam a agricultura estagnada e sem futuro de antes, alguns aspectos dessa legislação são nocivos aos interesses do país hoje. E sem nenhuma vantagem para a natureza. O fato é que o Código Florestal precisa ser revisto e atualizado. Do contrário, ficará seriamente comprometida a capacidade da nossa agropecuária de responder aos aumentos da demanda interna de alimentos. Não será possível, tampouco, atender as novas demandas do mundo emergente. As mudanças pelas quais lutam os produtores não se destinam a aumentar o desmatamento. Eles querem apenas que as áreas de produção, abertas com grande sacrifício e elevados custos, quando a legislação permitia, sejam reconhecidas e regularizadas, e não criminalizadas com efeito retroativo. A esterilização dessas áreas é um retrocesso que só pode interessar aos países que concorrem conosco no mercado mundial e estão em desvantagem. Afinal, somos o segundo maior exportador de alimentos do mundo e um dos únicos em condição de aumentar a produção preservando o ambiente. O Brasil hoje é outro. Em 1960, éramos 70 milhões de brasileiros, importávamos comida e tínhamos 200 milhões de hectares na produção de alimentos. Agora, ocupamos 230 milhões de hectares, somos 191 milhões e temos uma agropecuária moderna, que assimilou tecnologias, gera empregos, distribui renda e produz com eficiência, e de forma sustentável, comida de qualidade para o mercado interno e o mundo.

Senadora Kátia Abreu, é Presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e tem uma coluna quinzenal no Caderno Mercado, do jornal Folha de São Paulo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

SONHO DA ULTIMA NOITE DE VERÃO - Bob Jefferson

Sonho da última noite de verão
Roberto Jefferson no jornal "Brasil Econômico".
O assunto deste fim de semana pós-carnaval foi a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil. Para quem esperava anúncios de grandes acordos nas áreas econômica e diplomática, a passagem dele por Brasília e Rio de Janeiro foi o anticlímax. Se formos contabilizar o significado imediato dos acordos assinados, o valor talvez seja inferior ao que foi gasto com a viagem, incluindo helicópteros, carros, segurança etc. Mas não é isso o que importa.Muita gente observou, de passagem, que os protagonistas do evento eram Dilma, a primeira mulher a presidir o Brasil, e Obama, o primeiro negro a governar os EUA; este tendo por coadjuvante a primeira dama mais expressiva desde Jackeline Kennedy. Mas como diria Nelson Rodrigues, "até aí morreu Neves".A visita foi essencialmente simbólica, até pelo pequeno impacto dos acordos assinados, como já mencionei. Tenho a impressão, porém, que esse aspecto simbólico foi subestimado, apesar de toda a cobertura da imprensa. De minha parte, me atrevo a dizer que o encontro dos dois governantes é um marco na história das Américas. Nunca este continente os dois maiores países tiveram governantes mulheres ou negros.Em termos de idade, situo-me quase exatamente entre os dois. Não vou cometer a indelicadeza de dizer quem é o mais velho, mas me permito dizer que quem nasceu na década de 1950 e adjacências, como nós, é da mesma geração, a dos que foram crianças na época de crescimento acelerado dos dois países, com o "baby boom" nos EUA e o desenvolvimentismo no Brasil. Foram períodos de grandes esperanças econômicas e sociais, mas politicamente, de radicalização. Quem diria, há 40 anos ou pouco mais, que uma Dilma ou um Obama estariam nos cargos que hoje ocupam? Quando adolescentes, se um deles dissesse que pensava "ser presidente da república", certamente seria tratado com a benevolência com que se encaravam os jovens de sonhos irrealizáveis. E, no entanto, aí estão. De um lado, o Obama que disse que Lula era "o cara", quando "o cara" é ele próprio. De outro, a Dilma que já tocava o governo Lula e agora reconhecidamente é "o governo". Lado a lado, Dilma e Obama usavam o aveludado linguajar diplomático, mas não eram ventríloquos. Falavam inequivocamente por si e por seus respectivos países. Quanta coisa teve que mudar e deixar de ser pecado ao norte e ao sul do equador para que isso acontecesse!Os chineses talvez vissem as imagens e filosofassem: "Vivemos tempos interessantes". Menos reflexivo, prefiro lembrar que essa singularidade histórica levou 500 anos para acontecer e pensar no futuro. Esse encontro não pode ser uma coisa fortuita e circunstancial. Isso tem que passar a fazer parte da realidade, não porque sejam uma mulher e um negro, não pela singularidade, mas pelo que ambos têm de universal, que é a condição humana e suas potencialidades para além de gêneros e raças.Que tal imaginarmos por um instante o dia em que aconteça o contrário e o Brasil tenha um negro no Planalto e os EUA uma mulher na Casa Branca, ou, em qualquer caso, uma pessoa de origem asiática, ou indígena, ou um homem branco, sem que isso seja símbolo de poder. Que signifique que essa pessoa é apenas um norte ou um sul-americano, escolhido por seus conterrâneos para governar com honestidade e competência. Quem sabe isso não seja um sonho da última noite deste verão.

SONHO DA ÚLTIMA NOITE DE VERÃO - Bob Jefferson

terça-feira, 22 de março de 2011

UM MUNDO MAIS COMPLEXO - Celso Ming (Estadão)

UM MUNDO MAIS COMPLEXO - Celso Ming (Estadão)

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, parece tomado por uma crise de identidade.
Assumiu seu ministério prometendo defender ferrenhamente os interesses da empresa nacional. Nem completou três meses de administração e já confessa, como confessou aos empresários paulistas nesta segunda-feira, que já não sabe mais o que é para ser defendido: “Temos dificuldades para definir o que é indústria nacional”, afirmou, em São Paulo.
É natural que assim seja. Nem mesmo a brasileiríssima jabuticaba, tão citada, pode ser reconhecida como produto genuinamente nacional, porque há notícias de que o Paraguai e a Bolívia também a produzem. Em todo o caso, o ministro do Desenvolvimento parece surpreendido com os efeitos de uma economia cada vez mais globalizada.
Pimentel entendeu que, em seu posto, deveria agir com rigor para defender o produto nacional contra a predação provocada pelo produto importado, e logo percebeu que o produto nacional é em grande parte elaborado com peças e componentes importados.
A indústria automobilística, por exemplo, gostaria de importar peças sem taxa aduaneira, mas, com isso, prejudica a indústria de autopeças. O setor têxtil, por sua vez, quer, algo genericamente, proteção ao produto acabado e liberação comercial da matéria-prima. Mas fica difícil colocar o princípio em prática. Como a fibra é matéria-prima da indústria de fiação; o fio, matéria-prima da indústria de tecelagem; e o tecido, matéria-prima da indústria de confecção, fica mesmo difícil entender o que é para ter importações liberadas e o que precisa de defesa comercial.
O presidente americano, Barack Obama, não tem a mesma dificuldade agora enfrentada por Pimentel. Nessa visita ao Brasil, ele não alardeou que estava empenhado em defender a empresa americana. Seu objetivo, avisou ele, é defender o emprego nos Estados Unidos (jobs). Ele não está lá para defender os interesses da General Motors, da Ford, da GE, da Dupont ou da Procter & Gamble, que tanto estão nos Estados Unidos como estão na China, no Brasil e em toda parte. Ele está lá para aumentar o emprego nos Estados Unidos.
O mundo ficou mais complexo, a economia está ainda mais e já não é tão simples executar uma política de defesa da indústria nacional. De todo modo, a melhor maneira de defender empregos e a atividade econômica no País é garantir condições de competitividade ao setor produtivo no Brasil.
Ao contrário do que disse Pimentel nesta segunda-feira, a principal tarefa não consiste em definir o que seja indústria nacional. A missão que realmente importa é diminuir o custo Brasil para que toda a atividade econômica, não importando o controle do seu capital, seja competitiva no País.
E reduzir custos é reduzir a carga tributária, desonerar encargos sociais, baixar os juros, fazer as reformas e dotar o Brasil de uma infraestrutura rápida, funcional e barata.
Esse objetivo é ainda mais premente agora, quando já não é mais possível, como era antes, compensar custos elevados de produção com um câmbio desvalorizado, artifício que barateava o industrializado no Brasil e encarecia o importado, mas pouco fazia para dar competitividade ao produto brasileiro.

domingo, 20 de março de 2011

A IMPORTÂNCIA DO DEM PARA O BRASIL - José Agripino Maia

A importância do DEM para o Brasil
JOSÉ AGRIPINO MAIA
Defendemos a participação do capital privado nos setores nos quais o Estado não tem recursos para proporcionar a infraestrutura que o país exige
Nosso partido, o Democratas, defende o liberalismo econômico com justiça social. Nossos compromissos são fortes e transparentes.Temos identificação programática com a economia baseada na livre-iniciativa, com o sistema político plural e participativo, com a liberdade irrestrita de imprensa, e com a diminuição da carga tributária. Acreditamos que o Estado deve servir à sociedade e não a sociedade ao Estado.Nossas formulações também levam em conta o cidadão comum, que quer ver sua pequena empresa crescer e gerar empregos mas que, por outro lado, enfrenta dificuldades burocráticas, precisa pagar inúmeros impostos e não tem a contrapartida necessária do Estado em saúde ou segurança.Heróis, os empreendedores brasileiros são os principais responsáveis pela criação de vagas de trabalho e diminuição da pobreza.O DEM possui compromissos irrevogáveis com os direitos individuais, a meritocracia, a educação de alto nível e a igualdade de oportunidades. O partido não tolera os regimes não democráticos, não importa a sua ideologia, e defende a participação do capital privado nos setores nos quais o Estado não tem recursos para proporcionar a infraestrutura que o país exige.É evidente que o Brasil passa por um período de notável desenvolvimento. O governo do PT, entretanto, esconde que os avanços só foram possíveis pois ideias sempre defendidas pelo Democratas foram implantadas nos governos Itamar Franco e FHC e mantidas no começo da gestão Lula. Entre elas, o combate à inflação, o equilíbrio das contas públicas e o cumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal.Sem essas ações de cunho liberal, somadas com a enorme demanda pelas commodities brasileiras, governistas sabem que não teriam muito a comemorar. Foram premiados pelas circunstâncias e tiveram a sensatez de não terem colocado em prática muitas ideias que sempre abraçaram, como o rompimento com organismos internacionais.Mas é preciso dizer que o governo não aproveitou a bonança mundial para tomar muitas medidas necessárias ao Brasil, como aprimorar nossa infraestrutura. Portos, estradas e aeroportos de má qualidade travam a possibilidade do desenvolvimento a longo prazo. Além disso, para ajudar a eleger a atual presidente, o PT novamente desarrumou as contas públicas.Para se ter uma noção, entre 2006 e 2010, as despesas correntes do governo, decorrentes do gigantismo do Estado, aumentaram em R$ 221 bilhões, ajudando a elevar a dívida interna para R$ 1,7 trilhão, e obrigando o Tesouro a pagar de juros, só em 2010, R$ 195,4 bilhões. Aí vai pelo ralo o dinheiro que falta para investir em infraestrutura.Fora o corte no orçamento, o governo ensaia tentativas de fazer a população pagar o rombo por meio da recriação da CPMF. Em 2007, não conseguiu. À época, o DEM liderou o movimento que impediu a manutenção da contribuição. Foi o fato mais visível do seu trabalho em obediência ao desejo da sociedade, reafirmando a independência do Poder Legislativo.Mas a história do DEM é longa. No mínimo remete a 1985, quando a então Frente Liberal contribuiu decisivamente para a eleição de Tancredo Neves, permitindo a volta da democracia, com a realização de eleições diretas em todos os níveis. Atualmente, o partido honra sua tradição exigindo dos integrantes padrão ético. No DEM, envolvidos em desvio de conduta são expulsos ou obrigados a renunciar.A quem não vence eleições é destinado o papel de oposição, que precisa fiscalizar o governo de modo responsável e propor alternativas. Este é o nosso dever. Uma atuação rigorosa na qual não se permite a presença de oportunistas. Tendo nossas ideias como principais armas, cumpriremos nossa missão.
JOSÉ AGRIPINO MAIA é senador pelo Rio Grande do Norte e presidente do Democratas

sábado, 19 de março de 2011

O PREÇO DOS ALIMENTOS

KÁTIA ABREU O preço dos alimentos da Folha de São Paulo

Para combater a alta de preços, é preciso produzir mais; para isso, o Código Florestal deve ser revisto
O PREÇO dos alimentos está em alta em todos os mercados há alguns meses. Em consequência, a agricultura começa a entrar na agenda política. Essa súbita atenção deve ser bem apreciada por todos, uma vez que produtores rurais, salvo em épocas de crise, são quase sempre negligenciados pelos governos. A experiência, contudo, recomenda precaução. A crise não é boa conselheira, mas campo propício a medidas improvisadas, que buscam aplausos, mas não produzem soluções. Antes de qualquer coisa, devemos indagar por que os preços estão subindo. Se quisermos respostas precisas, temos de ignorar os suspeitos habituais. É o caso dos mercados futuros de produtos agrícolas. A exemplo dos mordomos de filmes policiais, eles podem até parecer, mas não são os culpados. Por uma razão elementar: com exceção de períodos curtos, as cotações ali não se descolam dos fundamentos que regem a oferta e a demanda dos produtos. Mercados futuros, na verdade, ajudam a dar transparência ao processo de formação dos preços. Outro suspeito são as ocorrências climáticas, em especial secas e inundações. O papel desses fatores é real, mas grãos e carnes são produzidos hoje em tantas latitudes diferentes que essas ocorrências influem de forma bem mais limitada. A elevação do custo da comida afeta a todos e temos de lidar com o problema de forma objetiva. Nesse sentido, o primeiro passo é reconhecer sua causa. Os preços estão subindo em virtude da elevação da demanda nas regiões pobres do mundo, em especial na Ásia, onde centenas de milhões de pessoas estão saindo da miséria e comendo mais, comendo melhor. A solução então é produzir mais grãos, mais carnes e mais frutas. Afinal, seria desumano, para dizer o mínimo, desejar que os pobres comam menos. Controle de preços, formação de estoques e outras modalidades de intervenção de governos na atividade privada não funcionam. E a história mostra que a agricultura e o agricultor só precisam de liberdade para acomodar preços de forma a remunerar o produtor, sem punir o consumidor. Os últimos governos compreenderam a questão e não cederam às tentações intervencionistas. No entanto, leis anteriores à revolução agrícola dos anos 1970 continuam sendo obstáculos à expansão da produção rural. É o caso do Código Florestal, que veio à luz na década de 1960, quando o Brasil tinha agricultura incapaz de abastecer até o pequeno mercado doméstico de então. Se não incomodavam a agricultura estagnada e sem futuro de antes, alguns aspectos dessa legislação são nocivos aos interesses do país hoje. E sem nenhuma vantagem para a natureza. O fato é que o Código Florestal precisa ser revisto e atualizado. Do contrário, ficará seriamente comprometida a capacidade da nossa agropecuária de responder aos aumentos da demanda interna de alimentos. Não será possível, tampouco, atender as novas demandas do mundo emergente. As mudanças pelas quais lutam os produtores não se destinam a aumentar o desmatamento. Eles querem apenas que as áreas de produção, abertas com grande sacrifício e elevados custos, quando a legislação permitia, sejam reconhecidas e regularizadas, e não criminalizadas com efeito retroativo. A esterilização dessas áreas é um retrocesso que só pode interessar aos países que concorrem conosco no mercado mundial e estão em desvantagem. Afinal, somos o segundo maior exportador de alimentos do mundo e um dos únicos em condição de aumentar a produção preservando o ambiente. O Brasil hoje é outro. Em 1960, éramos 70 milhões de brasileiros, importávamos comida e tínhamos 200 milhões de hectares na produção de alimentos. Agora, ocupamos 230 milhões de hectares, somos 191 milhões e temos uma agropecuária moderna, que assimilou tecnologias, gera empregos, distribui renda e produz com eficiência, e de forma sustentável, comida de qualidade para o mercado interno e o mundo.
KÁTIA ABREU (DEM-TO), 49, senadora e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), passa a escrever quinzenalmente, aos sábados, neste espaço.

quinta-feira, 17 de março de 2011

As experiências vividas e a viver - João Bosco Leal

As experiências vividas e a viver
João Bosco Leal
Como consequência da necessidade física que tive de ficar parado durante dois anos e meio, sem sair de casa por qualquer motivo, seja para passear ou trabalhar, acabei passando por algumas experiências que nunca havia pensado que passaria.Uma delas foi a de descobrir que sempre errei muito pouco em minhas análises sobre quem eram meus verdadeiros amigos, e aqueles que se aproximavam por outro motivo, qualquer que fosse, mas essas são pessoas tão pequenas que sobre elas não vale a pena sequer falar.Com pessoas que mal conhecia e que se demonstraram muito amigas é que tive experiências inesperadas, indescritíveis e que valeram muito para meu crescimento e, certamente, também para o deles. É um crescimento como ser humano, com o que realmente vale a pena.Além dessas experiências, tenho tido diversas outras, em relação a diversas coisas, algumas novas para mim como as redes sociais, ou escrever, do que sempre gostei, e publicar meus textos.Sempre gostei de ler e tive a oportunidade, e tempo, de ler livros muito bons, alguns especiais mesmo. Com isso reacendeu em mim o prazer da leitura que estava meio de lado, e claro, só tenho a ganhar com prazeres como este que, além de tudo, nos dá cultura.Após recomeçar a andar tive também outras experiências, como aquelas em uma viagem realizada a Aruba quatro meses atrás. Pude ver a diferença de meus próprios interesses, como eu observava cada detalhe de um país desconhecido, como sua cultura, economia, clima, produção e tantos outros detalhes agora importantes, e que nada importavam em viagens anteriores, quando era mais jovem e só buscava diversão, e não conhecimento.Pude também, agora, tentar mensurar as perdas ocorridas nesse período, sejam culturais, emocionais, econômicas, produtivas e tantas outras que seria impossível descrever. São perdas irreparáveis, e imensuráveis, como o tempo perdido na convivência com meus filhos e netos, os projetos de trabalho que não foram realizados, e tantas outras coisas, mesmo as menos importantes, pois esse período não voltará jamais.Estou também passando pela experiência que agora me parece óbvia, mas antes, provavelmente por minha imaturidade, não era, de entender que devo, cada vez mais, frequentar novos lugares e pessoas, mesmo que em pesquisas na internet ou pelas redes sociais.Que devo deixar de levar a vida tão a sério, que as pessoas são diferentes, e nunca serão como entendemos que deveriam ser, que se comportam e tomam atitudes que nunca tomaríamos, mas que elas são outras, e não nós, e isso nunca mudará.São conhecimentos que, mesmo que tenhamos cansado de ouvir que assim era, só adquirimos com experiências vividas, próprias, boas ou más, tristes ou felizes.Com a idade avançando, estou aprendendo que já deveria ter feito, ou experimentado fazer, muitas coisas que antes não fazia, pois à medida que ganho experiência, um pouco mais me é revelado, e o conhecimento é a maior experiência por que pode passar o ser humano.João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br

ALCKMIN PISOU NA BOLA FEIO - Mara Kramer

Alckmin pisou na bola feio
por Mara Kramer
Hoje é um dia de indignação! O Ministério da Cultura autorizou Maria Bethânia captar no mercado R$ 1.3 milhões para produzir um blog de difusão de seu trabalho. É ético um artista gastar tanto para colocar um blog no ar em um país como o Brasil? Entretanto o que me chamou mais atenção, e sobre o que quero tratar é a declaração do governador de São Paulo Geraldo Alckmin em visita hoje à Brasília que disse torcer pelo governo Dilma. Pessoalmente, ainda não havia engolido aquele apoio amplo e irrestrito dos governadores do PSDB ao governo Dilma expresso na Carta de Maceió. A explicação dos governadores, e de Alkmin, era a priorização do pacto federativo. Ora, o pacto federativo, mau ou bem, esta posto, e não é necessário que em uma reunião da oposição ele seja prioridade. O que ficou claro com relação à Carta de Maceió é que o PSDB, no caso seus governadores, não participariam da oposição ao governo exigida pelo eleitorado oposicionista, e responsabilidade de seu partido.Neste caso, o partido estaria dividido em dois: alguns se oporiam e outros não. Como isto funciona não me pergunte. Passado algumas semanas de dita reunião FHC, em entrevista senão me engano a Kennedy Alencar, demonstra seu apreço a Lula, não como pessoa, mas ao político. Também em entrevista FHC diz que Dilma começou bem seu governo. Diz isto mesmo depois de todas as negociações de cargo em troca de apoio realizado pela presidenta, da incorporação de Palocci ao governo, da inação do governo frente ao caso Erenice Guerra o qual por sua importância, pois envolve a própria presidenta, deveria ser prioridade do executivo, da manutenção do aparelhamento de várias instituições públicas, e sobretudo, do significado de ter Dilma como presidente da república. Ou seja, uma pessoa que nunca concorreu sequer a uma vereança é colocada no cargo mais alto de um país pelas mãos de um homem que para alcançar seu objetivo não mediu esforços em termos de uso do dinheiro público e da máquina pública na campanha, da desobediência à legislação eleitoral inúmeras vezes, a ofensa às instituições e aos partidos, a mentira deslavada como foi o caso da "bolinha de papel" atirada na cabeça de Serra no Rio de Janeiro, etc. FHC desconsiderou completamente o que consiste em termos de autonomia do poder o fato, muito bem lembrado por Ferreira Gullar, de termos no cargo mais alto do país uma pessoa que não tem autoridade frente a outrem, no caso o ex-presidente. Temos aí o criador e a criatura, e todas as conseqüências intrínsecas a esta relação. Ainda assim, FHC só soube apoiar o discurso vigente na época que destacava como maravilhoso no novo governo a discrição de Dilma, ou seja, confundia discrição com competência. Creio que FHC perdeu uma ótima oportunidade de elucidar qual é o papel do partido como oposição, não o fez, preferiu agradar o governo. Não encontro os motivos para isto, mas não posso interpretar de outra maneira. Não contente o PSDB, que simultaneamente grita aos quatro ventos que fará (sempre no futuro) oposição ferrenha, lemos hoje a declaração de Alckmin que diz torcer pelo governo Dilma. As palavras textuais de Alckmin foram: “Torcemos por ela, pelo seu trabalho. Ela tem conhecimento das questões de Estado e conhecimento de gestão. São Paulo será parceiro nesse trabalho”. http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/03/alckmin-diz-torcer-por-sucesso-de-dilma-na-presidencia.html Penso que o governador foi muito infeliz em suas palavras por várias razões. Primeiro que esta confundindo torcer pelo país com torcer pela situação, embora não pareça são coisas muito distintas e com conotações também muito diferentes, as quais não devem escapar a um político experimentado como Alckmin. O governador não diz que torce pelo país, deixa claro que torce pelo governo. Segundo, os partidos de oposição constituem-se oposição porque tem uma proposta para o país diferente do(s) partidos de situação, portanto não concordam e não acreditam na eficiência do programa da situação. A oposição deve a partir daí mostrar ao país os equívocos desta proposta, segundo sua ótica, na condução do país. A oposição é critica ao programa da situação. No momento que um político de destaque da oposição diz torcer pela situação ele esta dizendo que espera que sua política seja boa para o país. Como? Ele não pertence à oposição que se diz contrária ao programa da situação? Se a política da situação pode ser boa para o país, porque ele não faz parte da situação? Em outras palavras, porque ele se opõe? Em terceiro lugar, se o PSDB, pela voz de Alckmin, entende que a política da situação é capaz de ser exitosa, entendo torcer como desejar que seja vitoriosa, então o PSDB não é oposição. Entretanto, o PSDB e o próprio Alckmin dizem em outras ocasiões serem oposição. Opa! Tem algo aqui que não fecha e que teremos que pensar melhor, mas em outra ocasião para não sair da linha de pensamento deste artigo. Em quarto lugar, Alckmin com esta declaração demonstra explicitamente seu apoio ao governo Dilma, e portanto a tudo o que ele envolve. Alckmin esta assinando embaixo do governo sobre o qual Álvaro Dias em recente entrevista no Twitter disse, “nunca na historia desse país houve tanta corrupção como nos últimos 8 anos”, assim como da incompetência na educação, saúde, segurança, infra-estrutura. Esta reconhecendo a validade da aparelhagem do Estado, do uso de empresas públicas pelo partido de situação, da aliança do partido do governo com as oligarquias, da repressão à liberdade de expressão e busca de monopolização da informação. Diante de tal aberração só podemos concluir que Alckmin e conseqüentemente seu partido o PSDB estão completamente confundidos com o que é ser oposição e como fazer oposição. Não tem a menor idéia do que isto significa. São “barcos” ao sabor dos ventos que navegam a deriva. Situação cada dia mais preocupante.A irresponsabilidade política da declaração de Alckmin é imensa!A inconseqüência da declaração de Alckmin beira a insanidade!Alckmin não tem noção das conseqüências de seus pronunciamentos como governador do estado mais rico da União, político de destaque e peso no maior partido da oposição do país?Alckmin nunca escutou o eleitorado do PSDB que exige que o partido faça oposição? Se é assim em que mundo ele vive?A situação é séria, mas o PSDB continua brincando.

segunda-feira, 14 de março de 2011

DELENDA CAPIVARAS

O episódio burlesco e diversionista propiciado pelo affaire em torno das capivaras hospedeiras do carrapato estrela teve fim. A noite foi perpretada a eliminação das mesmas pelo bem da saúde pública, quanto aos mosquitos da dengue seguem bem e desfrutando de boa saúde, nada a temer. PapoLivre presta solidariedade ao Flávio Lamas e todo pessaol engajado na luta pela sobrevivência das capivaras, os mais atrozes alegam que as mesmas estavam contaminadas. Sabemos que o exame ou análise do sangue das mesmas não foi realizado, o ínclito secretário da saúde alegou que não havia necessidade, quem sabe, sabe. Muito papo, muita notícia e o abandono geral da metrópole segue impávido. A prefeitura só cuida das ruas e avenidas com trânsito mais elevado e de preferência que sejam porta de entrada. Na conversa caipira por onde passa a procisão com o respectivo andor. Os demais carrapatos existentes no município e na muncipalidade também serão combatidos?

DELENDA CAPIVARAS

sábado, 12 de março de 2011

No encontro que teve sexta-feira(11/03)

com os sindicalistas, a presidente Dilma Rousseff reconheceu que “o Brasil é exportador de commodities para a China, mas importa muita bagulheira”. Pois é justamente essa bagulheira que provoca reações indignadas do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Para ele, os produtos importados da China fazem concorrência desleal ao produto industrial brasileiro.
Produto estratégico. O que a presidente Dilma está dizendo é que o produto nobre de exportação são as commodities fornecidas pelo Brasil e que “bagulheira” são os produtos industrializados importados da China. Seria, então, a “bagulheira” chinesa concorrendo com a “bagulheira” produzida no Brasil?
Existe um dado interessante: empresa brasileira capitaneada pelo Pomar, alto dirigente petista, é que realiza intensas intermediações Brasil-China. Zica, ex-deputado feeral pestista e hoje fica de destaque no Partido Verde é um dos sócios nesta bem sucedida empresa de negócios. A China sem sombra de dúvida desconhece o ambientalismo, é realmente cifrões minizam responsabilidades e arrufos ideológicos.
(baseado em Celso Ming- Estadão)

segunda-feira, 7 de março de 2011

ACORDEM ANTES QUE SEJA TARDE

ACORDEM ANTES QUE SEJA TARDE

Ralph J. Hofmann

Anda circulando pela internet um artigo sobre uma troca de idéias entre capelães de presídios nos Estados Unidos. Tratava de um católico um protestante e um imã islâmico.

Repassei à minha lista e recebi muitos comentários construtivos, mas também recebi algumas reclamações, achando que em certos pontos o artigo exagerava.

O trecho mais impressionante segue abaixo, num relato do Capelão Rick Mathes:

“O imã, fez uma completa e detalhada apresentação da sua religião de base do islamismo, apresentando inclusive alguns vídeos. · Depois das apresentações, foi concedido um tempo para perguntas e respostas. · Quando chegou à minha vez, perguntei ao imã: · Por favor, corrija-me se me engano, mas segundo entendo, a maioria dos imãs e clérigos do Islã, declararam a JIHAD (guerra santa), contra os infiéis de todo o mundo. De modo que matando um infiel, que é uma ordem para todos os muçulmanos, têm assegurado um lugar no céu. Se assim é... pode dar-me uma definição de infiel?· Sem discutir minhas palavras, o imã disse: São os não crentes .· Questionei: Permita assegurar-me que o entendi bem: A todos os seguidores de Alá, é-lhes ordenado que matem a todo aquele que não é da sua fé, para poderem ir para o céu? Está correto?· A expressão da sua cara mudou de uma autoridade para a de uma criança apanhada em flagrante a ir à caixa das bolachas. Com ar envergonhado respondeu: ASSIM É!· Acrescentei: pois bem senhor imã, tenho um verdadeiro problema quando imagino se o Papa Bento XVI ordenasse a todos os católicos que matassem todos os muçulmanos e que o Dr. Stanley ordenasse a todos os protestante que fizessem o mesmo para também poderem ir para o céu...· O imã ficou mudo.· Continuei: Também estou com um problema que é ser seu amigo, quando o senhor e os seus colegas, dizem aos seus pupilos que me matem. O que preferiria o senhor: a Alá que lhe ordena matar-me para poder ir para o céu ou a Jesus que me ordena amá-lo a si, para que eu vá para o céu e o leve comigo.· Podia-se ouvir cair uma agulha no chão de tanto silêncio, quando o imã inclinou a cabeça de vergonha.”

Por via das dúvidas conferi online a autenticidade do trecho acima, a qualificação de Rick Mathes como capelão conhecido no campo da assistência correcional. Sua reputação é inatacável.

Outrossim isto não é novidade. Há inúmeros lugares em que se constata que para um islâmico os infiéis são caça legal 365 dias por ano. Isto não quer dizer que muitos dos islâmicos não se comportem honradamente, mas se quiserem roubar, saquear, estuprar ou torturar os não-islâmicos não há nenhum obstáculo moral a isto dentro de sua crença.

sábado, 5 de março de 2011

SÉTIMO PIB NO MUNDO - Ralph Hofmann

SÉTIMO PIB NO MUNDO

Ralph J. Hofmann

No seu show e disco “Eu sou o espetáculo” da década de 60 o comediante José de Vasconcelos subitamente dizia uma só frase que após alguns instantes causava frouxos de riso na platéia. Era algo como: “Radio PRk5 transmitindo em Onda Medias da cidade de Jacaré das Várzeas para o MUNDO.”.

Acho que indiretamente foi este conto que despertou uma ojeriza pela jactância, por contar vantagem. Trabalhei para várias empresas que diziam ser “maior do Brasil”, “maior da América do Sul”, “maior das Américas” ou até “quarta maior do mundo”. Todas tiveram desgostos após usar estes slogans.

O poeta americano Stephen Vincent Benét tem o conto um menino que vai crescendo, estudando, passando a trabalhar, casando, sendo pai de filhos e chegando à idade vetusta. Quando menino sempre que ele ficava saliente e jactava de alguma coisa a avó lhe dizia. Não chames a atenção do “fool killer’, do “matador de idiotas”“. Ao longo da vida adolescente, jovem, adulto e velho ele sempre se lembra da admoestação sempre que algum triunfo surge em sua vida e se sente tentado a contar vantagem. No fim da vida ele esta sentado na varanda, plenamente realizado e ouve os passos do “fool killer" chegando e considera que já é tempo de deixar o mesmo alcançá-lo, que chegou a vez de deixar as coisas acontecer.

Aqui no Brasil houve um par de anos em que nosso PIB cresceu violentamente. Estávamos no “Milagre Brasileiro” do Delfim Neto, década de sessenta. Realmente, nossa aposta na soja virara uma fonte de reservas, nossa metalurgia e mineração cresciam, por conta dos triunfos no campo, nossa produção e venda de equipamentos aumentava. Mas nossa inflação era alta ainda, e o crescimento do PIB não era tão alto assim. Subitamente, e por quase dois anos as bolsas brasileiras estouraram. Os resultados eram astronômicos. Na realidade faltavam ações para atender as pessoas que desejavam entrar na bolsa. Uma manhã alguns corretores começaram a comprar e vender ações da firma MERPOSA. Foi a grande ação do dia. Atingiu um crescimento incrível. Finalmente alguém perguntou: “Mas o que e a MERPOSA? “. Não existia, era uma blague. Correspondia a Merda em Pó S.A.

Evidentemente um dia esta bolha terminou e os investidores menos safos perderam seus pé de meias. Contudo com base no volume de operações da bolsa nosso PIB foi às alturas naquele ano. No mesmo ano nossa inflação foi de 13%, depois de anos por volta de 25%. Os observadores mais críticos diziam que houvera uma manipulação. A inflação deveria ser de no mínimo 18%. Uma das medidas usadas pelo governo para mascarar a inflação foi fingir que o petróleo não havia aumentado 110% nos últimos meses do ano. A crise (do primeiro e segundo choques do petróleo) ficou para o próximo governo.

Naqueles anos (1972-3) andávamos de cabeça erguida, o Brasil era tudo, descobrira a pedra filosofal. Nossa economia seria uma das maiores em poucos anos. Divulgávamos isto aos sete ventos. Na realidade levou quase 25 anos para que chegasse a colocar em ordem nosso galinheiro e passamos por níveis de inflação incríveis e PIBs negativos igualmente acachapantes.

É por isto que, ao ver em letras enormes a primeira página dos jornais ostentando a chamada “Brasil será sétimo PIB do mundo este ano diz Mantega” não consigo sentir qualquer entusiasmo. No ano passado o governo estimulou o endividamento do consumidor para criar volume de vendas, e, portanto PIB. Com isto forçou ao máximo a capacidade de produção e estimulou ao máximo certas importações. Além disto facilitou transferências de recursos para a campanha política, o que não deixa de ser um aumento de atividade econômica.

Por isto mesmo neste ano o governo se obriga a restringir gastos e restringir crédito, pois houve efeitos inflacionários por vários motivos, alta demanda, falta de estrutura e excesso de moeda no sistema. Todas essas estimuladas pelo ministério de Mantega mesmo ante tentativas de controle, no tocante à moeda, pelo Banco Central.

Prever 7% de crescimento do PIB ou sermos o 7º. PIB no mundo este ano, mesmo com o preço das commodities brasileiras nas alturas parece-me arriscado. A China vai ter problemas e seguir exportando nos níveis atuais. Se tiver vai reduzir compras, se reduzir compras estaremos sentados em cima de supersafras, em cima de minério, etc.

Se eu fosse Mantega estaria com o ouvido bem afiado para ver se o “fool killer “ não está se aproximando.

terça-feira, 1 de março de 2011

O FIO PERDIDO DO NOVELO DA DECÊNCIA
Marisa Cruz
ONDE E QUANDO PERDEMOS O FIO DO NOVELO DA DECÊNCIA, DA VERDADE, DA LISURA, DA HONESTIDADE ENSINADO POR NOSSOS AVÓS, PAIS E PROFESSORES!!!!!
SERÁ QUE O PERDEMOS QUANDO LUTAMOS PELO FIM DA DITADURA, A VOLTA DE DEMOCRACIA E DASDIRETAS JÁ!
SERÁ QUE ACHÁVAMOS QUE NOSSA PARTE COMO CIDADÃOS JÁ ESTAVA CUMPRIDA E DEIXAMOS DE NOS PREOCUPAR COM O QUE GOVERNANTES PARLAMENTARES E JUÍZES IRIAM FAZER COM A TAL DEMOCRACIA CANTADA EM VERSO E PROSA!
SERÁ QUE O PERDEMOS QUANDO NOS ACOMODAMOS NO QUESITO PENSAR E AGIR EM BENEFÍCIO DE TODOS E DO PAÍS E PASSAMOS A OLHAR EXCLUSIVAMENTE PARA O NOSSO UMBIGO, NOSSOS PROBLEMAS E, COMO SERES SUPERIORES, NADA PODERIA NOS AFETAR E QUE NESTE EXATO MOMENTO, AO ACORDARMOS DESTE TORPOR PROFUNDO E MALFAZEJO PERCEBEMOS QUE DEIXAMOS O NOVELO PERDER-SE NO PÂNTANO DA LETARGIA DANDO LUGAR A ESPERTEZA, A DESONESTIDADE, A ILEGALIDADE COMO FORMA DE VIVER NUM BRASIL DO FUTURO!
SE PENSARMOS BEM, DEMOS A TODOS ÊLES PODERES INIGUALÁVEIS PARA LEGISLAREM EM CAUSA PRÓPRIA, GOVERNAREM POR DECRETOS-LEI, UTILIZAREM O ERÁRIO PÚBLICO (NOSSOS IMPOSTOS E TAXAS) DE MANEIRA IRRESPONSÁVEL E ACEITAMOS JULGAMENTOS ESTAPAFÚRDIOS DO PODER JUDICIÁRIO COMO SE TODOS FÔSSEM OS DONOS E SENHORES DESTE PAÍS E O QUE É PIOR, NOS DEIXAMOS LEVAR POR PROMESSAS QUASE NUNCA CUMPRIDAS ANO APÓS ANO APENAS OBSERVANDO DISTANTEMENTE!
SERÁ QUE NOSSA REVOLTA COM TANTOS DESMANDOS É UMA AUTOCRÍTICA AO NOSSO PÍFIO COMPORTAMENTO CÍVICO E DE CIDADANIA DURANTE ESTES 21 ANOS!
VEMOS A DEMOCRACIA CHEGAR A MAIORIDADE E NECESSITANDO DE TOMADA DE DECISÕES PARA QUE AMADUREÇA MEDIANTE A CONSCIÊNCIA PLENA QUE CADA UM DE NÓS COMO RESPONSÁVEIS E AGENTES ATIVOS PARA A SUA CONSOLIDAÇÃO COM BASE NA DECÊNCIA HUMANA, NO RESPEITO ÀS LEIS E NA ÉTICA.
E PARA CAPTURARMOS O NOVELO DAS PROFUNDEZAS TEREMOS QUE BUSCAR DENTRO DE NÓS A CORAGEM, A UNIÃO, A HUMILDADE E MAIS DO QUE NUNCA O PATRIOTISMO, TÃO ABANDONADO E DESPREZADO PELO CIDADÃO BRASILEIRO.
SEREMOS AGENTES TRANSFORMADORES QUANDO NOS CONCIENTIZARMOS QUE SOMOS OS DONOS DESTA TERRA, DE SEU DINHEIRO RECOLHIDO ATRAVÉS DOS IMPOSTOS E TAXAS E QUE.
SEU USO PELOS GOVERNANTES DEVE SER TRANSPARENTE, REAL E APROVADO POR VERDADEIROS REPRESENTANTES DO POVO QUE DEVERÃO HABITAR O CONGRESSO NACIONAL.
NESTE MOMENTO ESTÁ EM PAUTA A REFORMA POLÍTICA E NOSSO COMPROMISSO É ACOMPANHAR CADA PASSO DA COMISSÃO QUE IRÁ ANALISAR E PREPARAR O PROJETO DE LEI QUE SERÁ COLOCADO EM PAUTA DE DISCUSSÃO E VOTAÇÃO, CONVERSAR EM FAMÍLIA, NO TRABALHO E COM OS AMIGOS SOBRE O ASSUNTO.
ESTE E TANTOS OUTROS QUE VIRÃO DEPENDERÃO DO ESFORÇO CÍVICO DE CADA UM DE NÓS PORQUE SEREMOS COBRADOS EM BREVE PELAS GERAÇÕES FUTURAS, O GRAU DE NOSSO ENVOLVIMENTO EM BUSCA DE UM #BRASILDECENTE.
A CRÍTICA SÓ É BENÉFICA QUANDO COLOCAMOS EM DISCUSSÃO AS SAÍDAS PARA A RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS ENFRENTADOS.
O NOVELO DA DECÊNCIA NÃO EVAPOROU APENAS ESTÁ PERDIDO PRONTO PARA SER ACHADO E COMEÇAR A SER TRICOTADO!!!!! MÃOS A OBRA POVO BRASILEIRO!!!!!!

Marisa Cruz